Como as operações de varejo podem ser impactadas pelo metaverso? Entenda neste artigo como seu negócio pode sair na frente nesta nova etapa da internet.
Considerado o próximo grande salto da internet, o termo “metaverso” se tornou em poucos dias o mais procurado em pesquisas nos principais sites de busca da internet. O último pronunciamento do CEO e Fundador do Facebook – agora Meta, Mark Zuckerberg, sobre os próximos passos da empresa em direção a essa realidade, ainda com um longo caminho a percorrer, mas já presente em nosso cotidiano, atraiu os holofotes de todo o mundo. Mas afinal, o que significa metaverso, como ele impactará as relações sociais e quais seus efeitos nos modelos atuais de negócio e no varejo?
O que é metaverso?
Em tese, e genericamente, metaverso pode ser compreendido como um misto da realidade virtual e realidade aumentada, onde a interação social se dá por meio de avatares, bem como com um “mundo aberto” e utensílios diversos. Ainda não existe uma definição absoluta para isolar o termo dos similares, visto que este herda muitos traços de seus antecessores – se é que podemos assim colocar. Alguns estudiosos do assunto traduzem o metaverso como a Internet 3D, ou a Web 3.0. O fato é que o metaverso, ao mesmo tempo ainda uma realidade difícil de se imaginar, já permeia alguns aspectos no dia a dia.
A promessa do metaverso consiste em estreitar ainda mais as linhas da realidade e do virtual. Podemos encontrar algumas de suas marcas em jogos como Pokémon Go, Fortnite e GTA V, em filtros de foto e vídeo de redes sociais como Instagram e Snapchat, e já em algumas lojas virtuais onde disponibilizam ao cliente um “provador virtual” de determinada peça. As próprias criptomoedas e as chamadas NFTs já fazem parte da vida de milhares de pessoas, e serão itens cruciais para o bom funcionamento na rede do metaverso.
Se lembra do filme Matrix, onde os personagens se conectavam a uma rede virtual mundial projetada por inteligência artificial, e interagiam com outras pessoas, lugares, objetos, e até mesmo era possível projetar as sensações dessa realidade no mundo real? É bem por aí que a tecnologia deseja caminhar! O metaverso propõe executar as mais diversas atividades: trabalho, viagem, encontros e reuniões, jogos, compras, estudos – tudo tão acessível quanto na realidade, e com a possibilidade adicional de personalização de diferentes aspectos. Segundo Zuckerberg, “você será capaz de fazer quase tudo que possa imaginar – reunir-se com amigos e família, trabalhar, aprender, brincar, fazer compras, criar, além de experiências inéditas muito além das vividas em computadores ou smartphones hoje.”
O metaverso foi citado pela primeira vez em 1992 por Neal Stephenson, em sua obra de ficção científica “Snow Crash” em que a história gira em torno de um entregador de pizza que vive integralmente no metaverso, um mundo simulado onde as pessoas com seus avatares podem viver como desejarem, sem o controle de ninguém. Porém o aspecto mais forte do metaverso foi observado nos anos 2000, onde Philip Rosedale ousou em criar um jogo de imersão total em um mundo aberto e virtual, o Second Life – onde literalmente você pode construir uma segunda vida como quiser! E mesmo o próprio pioneiro dessa realidade ainda tem seus receios quanto ao metaverso, se considerados grau de acessibilidade da maior parte da população a aparatos técnicos que permitam imergir nesse mundo, infraestrutura das tecnologias de transmissão de dados, monitoramento de atividades mal-intencionadas de usuários, entre outros.
O fato é que o metaverso ainda é uma projeção futura, em passos incertos e muito a se projetar e testar. Porém, assim como interações a longa distância via internet foi algo impensável nos anos 80, e compras sem sair de casa em lojas extremamente distantes até alguns anos atrás, se faz refletir o seguinte questionamento: será mesmo o metaverso uma realidade impossível ou muito distante? E caso não considere uma preparação antecipada para isso, corro o risco de ficar para trás nessa corrida?
As grandes empresas de tecnologia como Microsoft, Apple e Samsung já estão se preparando de alguma forma para garantir uma fatia desse futuro mercado – e até mesmo o WhatsApp já estuda maneiras de interação em sua plataforma via avatares. E referências do varejo também já começam a se posicionar na realidade do metaverso.
Qual será o impacto do metaverso no varejo?
Como já dito anteriormente, o metaverso terá como objetivo reproduzir toda a nossa realidade em meio digital e completamente personalizável. Isso quer dizer que os modelos de negócios atuais irão se reinventar para atender o consumidor, e o varejo não está fora disso. Ora, não mais que dez anos foram necessários para que a internet se tornasse o principal meio de circulação de mercadorias e serviços. Em 2011 os termos “marketplace” e “e-commerce” sequer eram conhecidos, e hoje, os principais meios de vendas da maioria esmagadora das lojas.
Se hoje a frase “Quem não é visto não é lembrado” se tornou uma lei para quem deseja escalar suas vendas pela internet, projete isso para o metaverso. Entender isso e se planejar para essa próxima revolução tecnológica pode ser divisor de águas para qualquer negócio.
A Ernst & Young (EY) empresa de consultoria global, em outubro deste ano, estimou que a linha tênue entre o mundo real e o metaverso possa fazer circular até US$ 48 bilhões em 2026. Empresas do ramo de jogos virtuais, em especial os esportes eletrônicos (e-sports) já movimentam mais de US$ 2 bilhões por ano, segundo dados da Juniper Research. Até 2025, a estimativa de crescimento do setor é de 70% – cerca de US$ 3,5 bilhões.
A empresa de cosméticos L’Oréal lançou a sua primeira coleção completamente virtual no formato metaverso há menos de um ano. Nomeada Signature Faces, a plataforma concede sombras e batons da linha para que as clientes utilizem em redes sociais e videoconferências. Recursos semelhantes também podem ser encontrados nas redes sociais como o Instagram, onde pode-se utilizar os famosos filtros e conseguir um upgrade no embelezamento, se tornar algum animal de preferência, utilizar acessórios e roupas, e até mesmo se tornar um extraterrestre!
No dia 21 de novembro, Caito Maia, CEO e Fundador da Chilli Beans, realizou a convenção de lançamento de novos modelos e coleções da marca – evento apelidado de Superdose, utilizando uma das plataformas do jogo GTA V. “Já que não dá pra ficar junto, com os avatares aí sim a galera pode se juntar, dar um rolê virtual de skate, de helicóptero, visitar o navio e até curtir os bares e espaços da Ilha” disse Caito.
Algumas outras empresas do varejo de moda, como Burberry, Tumi, Fendi e Lancôme também já marcaram presença no metaverso. A Balenciaga, também do varejo de moda, lançou sua coleção de outono de 2021 em um jogo, chamado Afterworld: The Age of Tomorrow. Gucci lançou uma pop up store virtual, chamada Gucci Garden, em que o teto da loja era aberto, borboletas voavam soltas e flores cresciam nas cabeças dos manequins. Experiências teoricamente impossíveis de serem reproduzidas no mundo real do varejo. E para fechar a lista de exemplos, o McDonald’s brasileiro abriu uma versão do Méqui 1.000 dentro do renomado jogo Minecraft.
As empresas do mercado de varejo, em especial do nicho de moda, poderão ser as maiores beneficiadas no metaverso. Pense que até os dias de hoje grande parte dos consumidores se sentem receosos por comprarem algum vestuário ou acessório, pela incerteza se cairá bem em seu visual ou não. Muitos ainda preferem se dirigir até as lojas físicas mais próximas para experimentar a peça pessoalmente, limitando sua possibilidade de compras apenas em sua região, bem como o alcance de vendas dessas mesmas lojas. Indiscutivelmente, o grau de segurança do consumidor se torna muito maior quando consegue experimentar determinado produto, do que simplesmente “apostar” nas dimensões apresentadas no e-commerce.
Através do metaverso será possível provar e comprar uma peça, seja para o próprio uso virtual do avatar, ou para o corpo real, supondo que poderão ser personalizadas as medidas em escala real tanto dos avatares quanto do vestuário, mantendo-se na ideia de estreitamento entre as duas realidades que o metaverso propõe.
E pode ser que nesse momento você questione: e quanto à autenticidade das formas de pagamento, proteção de direitos autorais e de propriedade? O que impedirá uma possível falsificação de valores, objetos e a possibilidade de replicá-los?
É aqui onde as criptomoedas e as chamadas NFTs ganham seu sentido.
As criptomoedas, assim como suas variáveis, os tokens não fungíveis (non-fungible tokens – NFTs), funcionam como selos de autenticidade para os valores e bens digitais, baseados em uma tecnologia conhecida por blockchain, onde não é possível alterar ou desassociar os tokens de um determinado arquivo. Ou seja, garantem ao comprador legitimidade do produto adquirido e proteção contra falsificações, ao vendedor segurança dos valores recebidos, e protege a economia do mundo virtual.
Mas claro, em se tratando de um projeto futuro e de alta complexidade, nada ainda pode ser garantido.
Enquanto isso ainda não se torna “concreto”, é essencial que o varejo se prepare e planeje para o metaverso. A pergunta não é se o mundo viverá essa etapa, mas quando. O domínio e sucesso futuro dos negócios poderão ser decididos pelo nível de preparo nessa nova era. Testes-drive, prova de vestuários, filmes, entretenimento, viagens, passeios, reuniões, encontros sociais, trabalhos – absolutamente tudo orbitará em torno dessa nova estrutura. Todos os métodos e estratégias de alcance dos clientes estarão à mercê do metaverso, e inevitavelmente sofrerão adaptações. Como isso procederá na prática? Ainda muito cedo para afirmar.
Apenas uma questão não pode ser ignorada: quando o dia chegar, meu negócio estará preparado para surfar essa nova onda?
Créditos da foto : Demonstração de Mark Zuckerberg do Metaverso, em apresentação a Meta. Imagem: Reprodução/Meta
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