Um dos principais propósitos do lucro é gerar caixa para uma reserva de emergência para qualquer negócio! Leia o artigo para saber como turbinar sua reserva!

Quando falamos de “lucro” lembramos imediatamente de “dinheiro sobrando na empresa” após pagar todas as obrigações do mês. Isto pode ser uma verdade ou não, a depender do seu real resultado!

Supondo que uma loja inicie suas atividades na data de hoje, e considerando que suas movimentações financeiras serão provenientes apenas e unicamente de sua operação – se nos próximos 30 dias seu resultado em caixa for positivo, isto é um reflexo direto do seu lucro!

Mas, se esta mesma loja no próximo mês entrar em uma baixa em suas vendas gerando um resultado negativo, e mesmo assim o seu caixa ficou positivo por receber valores pendentes do mês anterior, o resultado atual foi prejuízo, porém compensado pelos recebíveis!

Mas quando uma empresa consegue gerar lucro boa parte do ano, vê diante de si uma série de possibilidades – investimentos em estrutura, maquinários, contratações, aplicações financeiras, reservas, dividendos, entre outros. Mas basicamente o lucro deve ser planejado para 3 destinos:

  1. Investimentos
  2. Dividendos
  3. Caixa/reserva financeira

Lucro para os investimentos!
Retroalimentar o negócio com os lucros é uma forma de investir no crescimento e expansão de suas atividades! Grande parte dos empresários – no início – abrem mão dos lucros, em forma de dividendos, para injetar em suas empresas e conseguir obter maiores ganhos através de melhorias em máquinas, estrutura, marketing, etc. Deve-se ter cautela nos investimentos e ciência do passo que está dando, que não seja maior do que é possível! Pois como todo investimento este também possui seus riscos, sendo preciso analisar se a empresa é capaz de absorver eventuais perdas de capital.

Lucro para os dividendos!
Com uma empresa sólida e segura no caixa, é possível dividir as sobras do lucro entre os sócios. Essa ação conhecemos como distribuição de dividendos. O cuidado aqui é para que isso não se torne uma prática constante e banal, pois essa distribuição deve ser efetuada só após a certeza de que a liquidez da empresa está garantida, o caixa conforme planejado e a parcela destinada aos investimentos assegurada. Em casos onde se tem mais de um sócio, cada um deve receber conforme a proporção de cotas possuídas.

Lucro para o caixa!
Na sincera opinião desta consultoria que vos escreve, esta é a primeira e principal decisão para com o uso do lucro: aumentar o caixa, engordar o porquinho! Uma empresa sólida e segura é nada mais nada menos do que a consequência de uma relevante reserva financeira de emergência, que possa socorrer a organização em momentos de crise e sazonalidades por, no mínimo, 4 meses seguidos sem faturamento. Isso mesmo: um excelente caixa deve ser capaz de sustentar sua empresa por 4 meses sem vendas! E para isso é necessária – além de muita estratégia – a união da disciplina com a constância ao destinar os valores do lucro. Confira abaixo algumas dicas para facilitar e turbinar seu caixa!

1. Precificação correta
Tudo começa por aqui, e a resposta para a pergunta “meu negócio será rentável?” dá muito peso para a precificação. Isto porque cada produto ou serviço vendido contribui parcialmente com a meta de faturamento do negócio, para que os custos e gastos sejam pagos, e o percentual de lucro seja garantido.

Pense no seguinte: se a sua margem bruta deve ser de 50%, e o lucro pretendido de 10%, então cada produto deve contribuir com aproximadamente 60% em cada venda, para assim no fechamento mensal de resultados o faturamento total deixe a mesma margem de 60%.

Para ser mais prático: imagine que seu negócio dependa de apenas 1 produto no valor de R$ 10.000,00, com custo de R$ 4.000,00 e que você vise a margem anteriormente citada (50%+10%=60%) – dessa forma, todos os seus gastos somam um total de R$ 5.000,00 e você quer um lucro de R$ 1.000,00. Se você depender de 2 produtos de R$ 5.000,00, ainda assim os percentuais não mudam: R$ 3.000,00 de cada um, sendo R$ 2.500,00 de gastos e R$ 500,00 de lucro. O mesmo se aplica ao negócio com 3 produtos, 4, 500, 1.000…

2. Um olho na margem, e outro nos descontos!
Um dos grandes segredos de se alcançar suas metas de lucro todos os meses é cuidar constantemente da sua margem bruta e dos descontos concedidos na empresa. Vimos que a margem bruta é todo o valor do produto que sobra da venda após deduzido o custo da mercadoria ou matéria prima, e essa parcela contribui para o montante total necessário para a empresa estar em dia com suas obrigações – INCLUINDO A META DE LUCRO!

Dentre os principais responsáveis por prejudicar a margem bruta são: precificação incorreta, compras sem planejamento e o vilão mais sutil de todos, o desconto incalculado! Não que seja ruim um desconto, pois é muito bom fazer uma promoção e ver uma enxurrada de clientes levando seus produtos! Mas é aí que está o perigo silencioso: sua prática constante e falta de planejamento de cálculos ideais vão comprometendo sorrateiramente sua margem, até que você realmente sinta o problema no seu caixa, e nesse ponto as contas bancárias começarão a sangrar tão rápido quando suas vendas!

Por isso, a dica de meta para este item é: giro rápido com preço cheio! Busque sempre equilibrar estes fatores. Faça promoções, dê leves descontos, mas com os olhos neste alvo. Dessa forma, sua meta de lucro sempre estará batida, bem como o seu caixa!

3. Preveja um % sobre o lucro
Logo na etapa de precificação, assim que definir o percentual de lucro desejado sobre as vendas, defina também a distribuição percentual (sobre o lucro) para dividendos, investimentos e caixa. Caso sua empresa tenha menos de 1 mês de atividade, ou já vem de anos sem um caixa, ou até mesmo você ainda esteja planejando sua abertura, o ideal é que 100% do lucro vá para o caixa até que se tenha a segurança de 4 meses. Contudo, se não for possível, defina um percentual mínimo para garantir a engorda do porquinho, e que discipline a captação conforme sugestões – de 100% do lucro:

  1. Nos primeiros meses da empresa, ou caso ainda não possua caixa:
    90% para o caixa
    10% para investimentos
  2.  Após compor um caixa para 4 meses:
    10% para o caixa
    80% para o provisionamento de férias, 13º salário e rescisões
    10% para investimentos
  3.  Após o caixa de provisionamentos:
    10% para o caixa
    10% para provisionamentos
    60% para investimentos
    20% para dividendos
  4. Se a empresa não houver mais investimentos relevantes a realizar:
    20% para o caixa
    20% para provisionamentos
    20% para investimentos
    40% para dividendos

4. Faça o lucro trabalhar para você – aplicações!
Como muitos já sabem, dinheiro “estacionado” na conta corrente e na poupança não é uma maneira eficaz de multiplicar seus ganhos. Do contrário, aplicações financeiras podem potencializar e muito! O que se recomenda aqui é que seu lucro esteja aplicado em fundos de liquidez diária – as quais é possível resgatar a qualquer momento em casos de emergência, onde a rentabilidade seja mais interessante.

Para a reserva de emergência (caixa), provisionamentos e até mesmo os seus dividendos, pode-se optar por fundos de renda fixa de liquidez diária, Tesouro Direto, CDBs, CDIs, entre outros.
Para quando os investimentos não forem destinados à expansão e melhorias no negócio, e até mesmo os seus dividendos não forem para gastos pessoais e reserva pessoal, pode-se optar por investimentos a longo prazo, de preferência atrelados à inflação (IPCA) para que você reduza a desvalorização monetária, ou até mesmo investir em ações de acordo com o seu perfil de investidor (procure sua corretora de preferência para mais informações).

Mas atenção! Antes de realizar qualquer tipo de aplicação ou investimento, analise criticamente se você está pagando juros de empréstimos, financiamentos e cheque especial. Procure atenuar os juros mais altos abatendo parcelas, renegociando a taxas menores ou até mesmo, se for o caso, quitando empréstimos onde os juros são elevados, pois a sensação de investir e ignorar estes juros mascara o que de fato está acontecendo: você está perdendo cada vez mais dinheiro, e não existe investimento suficientemente seguro no mundo capaz de vencer os juros bancários!